quarta-feira, 8 de junho de 2011

Antes de amar-te

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas
Nada contava nem tinha nome
O mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
 Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.


Pablo Neruda
 
* de um blog amigo

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